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quinta-feira, 22 de julho de 2010

..:: Jukebox ::..



Ele ainda é um "Animal"





Eric Burdon é um dos maiores “bluesman” branco de todos os tempos, talvez o maior. Dono de uma voz rouca e forte, reza a lenda que na infância morava em um apartamento, e no andar de baixo havia um marinheiro que trazia de suas viagens, discos de Blues e os escutava em alto volume, chamando atenção do menino Eric.

Anos se passaram e Eric Burdon formou uma das bandas mais idolatradas da conhecida invasão britânica de 1964,“The Animals”,com pegada bluseira no início, pop no meio e misturando a batida psicodélica de São Francisco no final.

Após o fim dos Animals, Burdon fez uma parceria muito produtiva com o grupo de funk americano "War", gravando o emblemático “Eric Burdon Declares War”. Burdon, após a temporada com o War, lançou alguns discos, mas sem sucesso, tentou ser ator de cinema e um retorno com os Animals.

O tempo passou e Burdon virou Cult.Nos anos 90 gravou com a banda brasileira Camisa de Vênus , “Don’t Let Me Be Misunderstood”, sucesso do seus tempos de Animals e arranjou um novo parceiro para composições, Marcelo Nova. Os resultados desta união são encontrados no álbum “My Secret Life” lançado por Eric em 2004 .



1. Once Upon A Time (Burdon /Bradley) :"My Secret Life” começa com essa gostosa homenagem a juventude dos anos 60 e seus ídolos, incluindo o próprio Eric.

2. Motorcycle Girl (Burdon/Nova): Eric fez a versão da canção “A Garota Da Motocicleta” de Marcelo Nova, com um arranjo muito mais arrojado e com metais marcantes, talvez seja a versão definitiva para a música.

3. Over The Border (Munyon): Possui uma guitarra marcante, mas não chega a empolgar.

4. The Secret (Chapman /Barnhill): Sensualidade extrema, com bateria e cordas excepcionais, um dos melhores momentos do disco.

5. Factory Girl (Braunagel /Burdon): Lembra os velhos lamentos dos negros que trabalhavam em campos de algodão, com um Eric dramático e uma gaita escocesa ao fundo, penetrando a alma do ouvinte.

6. Highway 62 (Braunagel/Burdon/Schell): Um convite para um passeio inesquecível, um blues moderno e seco, ao estilo Robert Cray.

7. Jazzman (Burdon/Restum): Uma viagem aos velhos salões de jazz, muito fiel ao gênero, mas é fraca comparada ao resto do álbum.

8. Black And White World (Burdon/Nova): Mais uma parceria de Eric e Marcelo Nova, empolgante, quase um “ska”.

9. Heaven (Byrne/Harrison): Cover da banda Talking Heads, lembra as velhas canções de amor de Ray Charles, com um pequeno tom de melancolia.

10. Devil Slide (Burdon/Nova): Blues à la Chicago, com uma slide-guitar marcante, um ticket ao inferno sem direito de volta.

11. Broken Records(Burdon/Nova): Lenta e parada, não consegue seu objetivo de encantar. É a pior do álbum.

12. Can’t Kill The Boogie Man (Burdon): O ponto alto do disco. Blues forte e rápido, com sua base remetendo a “Boom Boom” de John Lee Hooker. Uma singela homenagem de Eric a um de seus mestres.

13. My Secret Life (Cohen): Uma das mais belas canções do Séc. XX, com letra marcante de Leonard Cohen, muito bem estruturada e interpretada por Eric, melhor do que a original. Uma preciosidade que chega até a arrepiar.

"My Secret Life" expõe toda a sensualidade, carisma e o alcance vocal de Burdon, mostrando que ele continua em forma, com a mesma voz que o consagrou na década de 60. Além de conhecermos sua “vida secreta”, vemos que Eric Burdon continua sendo um animal.