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terça-feira, 10 de agosto de 2010

..:Cardápio:..

A dica de leitura de hoje é o livro Eu não sou cachorro, não, dissertação de mestrado do baiano Paulo César de Araújo, sobre música cafona e ditadura militar.

Mas, antes de ler este livro, é preciso livrar-se de rótulos e estigmas no que diz respeito a música "brega". Termo que o autor usa sempre entre aspas, já que se trata de um modo pejorativo de se referir a essa produção musical.
Em plena ditadura militar, momento em que a MPB demonstrou engajamento político, paralelamente ao surgimento de estruturas mais experimentais na música, influenciadas pelo tropicalismo, o que não fazia referência ao contexto atual, era taxado de alienado.
No entanto, o autor quer mostrar que as dimensões da ditadura militar não eram uma realidade tão próxima de todos, como se parece.
Esses artistas da música "cafona" vinham de realidades muito distintas da maioria dos músicos que se consagraram no período. Eram desprovidos de informação, vinham de outro meio social e trabalhavam pelo pão de cada dia.
Ainda que tenham sido censurados, como é o caso de Odair José e a música "Pare de tomar a pílula", muitos desconheciam o verdadeiro certame daquele período.
Mas como frisa o autor, esse artistas "bregas" tiveram sua relevância ao representaram uma classe renegada, como as empregadas domésticas, os homossexuais, as prostitutas e os trabalhadores de um modo geral.