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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

..:: Jukebox ::..

Coroado pelo público


No próximo dia 16 de agosto fará 33 anos da morte de Elvis Presley. Considerado “O Rei do Rock’n’Roll”, sua gravação de “That’s All Right, Mama” nos estúdios da Sun Records em 1954 é considerado o marco zero do gênero. Segundo Sam Phillips, proprietário do estúdio, Elvis era um “branco com a voz de um negro” e essa descoberta rendeu alguns trocados para Phillips que o vendeu para a RCA Victor. O resto da história é a construção do maior mito da história do século XX, um homem que de simples caminhoneiro se tornou o líder de uma revolução comportamental e cultural como nunca havia visto.

Até agosto de 1977 vendeu 600 milhões de discos. Após sua morte é estimado que a venda de seus discos dobrou, sendo considerado o maior vendedor da indústria fonográfica, estrelou 31 filmes e 2 documentários, sua mansão em Memphis, a “Graceland” é patrimônio histórico dos Estados Unidos e também o 2º lugar mais visitado do país, perdendo somente para a Casa Branca.

Elvis teve uma carreira de altos e baixos, estrelou filmes excelentes (como "King Creole", "Jailhouse Rock”, "Wild In The Country"), outros medíocres (“Speedway”, “Double Trouble”, “Camblake), seu empresário, conhecido como Cel. Tom Parker não deixava Elvis fazer turnês fora dos EUA. Só após a morte de Parker soube-se que ele era um imigrante ilegal holandês e por isso Presley não fez shows fora da América, a não ser alguns shows no Canadá na década de 50. Em 1967 Elvis ganha um Grammy por seu disco gospel “How Great Thou Art”, o começo de seu retorno aos holofotes, mas sua consagração veio em 68 com o especial para a rede de televisão americana NBC, conhecido como “Comeback Special”, mostrando Elvis no auge da forma e em performances sexy e intimistas, tudo o que Tom Parker não desejava. Começa o retorno triunfal de Elvis Presley, coroado em 69 com o “hit” “Suspicious Minds ", 1º lugar nas paradas por várias semanas e com sua volta aos palcos em 69 , no International Hotel em Las Vegas, quebrando recordes de público e deixando lendas da cidade, como Frank Sinatra, no chinelo.

Após o retorno, Elvis gravou diversos discos sem parar e um dos destaques é “Raised On Rock”, lançado em outubro de 1973. Amado por alguns e odiado por muitos, talvez seja um dos melhores discos de Elvis na década e um modesto sucesso comercial, já que Elvis tinha acabado de fazer o primeiro show via satélite para o mundo: o “Aloha From Hawaii” e outro destaque do disco é a volta de Jerry Leiber e Mike Stoller nas letras. Para quem não sabe, Leiber & Stoller foram a principal dupla de compositores de rock nos anos 50, muito antes de Lennon & McCartney, Jagger & Richards, Plant & Page e são autores de alguns hinos do rock, como “Jailhouse Rock”, “(You’re So Square) Baby I Don’t Care”, ”Hound Dog”, etc. Só por isso já vale a pena ouvir “Raised On Rock”:

Capa de "Raised On Rock".

1. Raised on Rock (James): Elvis retoma a parceria com Mark James, autor de Suspicious Minds. A letra faz um panorama histórico do rock até o momento, citando de Chuck Berry a Beatles, um ótimo começo para um álbum.

2. Are You Sincere (Walker): Canção romântica, em que Elvis demonstra todo seu poder vocal, mostrando porque ele é absoluto.

3. Find out What’s Happening (Crutchfield): Country agitado e com guitarras precisas, mas acaba sendo um "tiro n’água".

4. I Miss You (Sumner/Sumner): Outra linda balada, terna, suave e gostosa de ouvir, com arranjo vocal de “J.D. Sumner Stamps Quartet” (grupo vocal gospel que acompanhava Elvis nas turnês) fenomenal.

5. Girl Of Mine (Mason/Reed/Reed): Uma bela e animada canção country aos moldes das gravadas anteriormente por Elvis, só que com uma letra extremamente alegre, que ou deixa os ouvintes com vergonha ou contentes por estarem escutando uma pequena “jóia’.

6. For Ol’ Times Sake (White) : Composição do grande “blues & country-man” Tony Joe White, pouco conhecido no Brasil e com certeza o ponto alto do disco, uma canção de amor maravilhosa, sobre a separação de um casal e sem dúvida uma das mais lindas já escritas.

7.If You Don’t Comeback (Leiber/Stoller): O retorno de uma antiga parceria,com uma pegada mais funk que poderia ter resultados melhores, mas é morno e não lembra nem de longe os velhos clássicos dos 50’s.

8.Just A Little Bit (Bass/Brown/Gordon/Gordon/Thorton/Washington): Um dos rock's mais vigorosos e fortes gravados por Elvis nos anos 70 ,extremamente sensual ,com um baixo marcante e uma fúria vocal de Elvis. Foi gravada por Jerry Lee Lewis também.

9.Sweet Angeline ( Arnold /Martin/Morrow): O ponto baixo do disco, gospel, lento ,esquecível ,mas com uma linda letra e arranjo vocais primorosos .

10. Three Corn Patches (Leiber/Stoller): Mais uma da dupla, que até relembra os antigos clássicos, mas não é nada marcante. Possui uma versão bem mais interessante de “takes” que deram errado, lançados anos depois.

Raised On Rock é apenas mais um álbum para a carreira de Elvis Presley, morto em agosto de 1977, vitima de uma arritmia cardíaca. Um homem simples, que se tornou “Rei” e nunca perderá sua majestade.