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terça-feira, 15 de junho de 2010

..:: Cardápio ::..

Hoje é dia de literatura no Café do Bira...

...E já que o assunto do momento é Copa do Mundo na África, vamos viajar pelo Continente também.


Estamos acostumados a ver o continente africano como um lugar selvagem: animais ferozes e povos que nos remetem aos hábitos mais primitivos do planeta.

Muito do que se ouve, ou do que é mostrado da África, contribui para que tenhamos uma imagem hostil. A maioria das abordagens nos levam a guerras civis, catástrofes, epidemias e exploração. As imagens e as historias, tratam a África com um lugar de migalhas. Em resumo: um lugar desumano.

A África, entretanto, não está a margem de sua própria graça e beleza de existir. Se há algo que foi tirado do continente, foi apenas sua verdadeira identidade. Sua cultura pode parecer esquecida ou condicionada ao imaginário... Mas não é.

A África está além da História que a denegriu, e tornou-se mítica.

Mesmo quando há guerra ou quando a política castiga, existe um povo que caminha levando consigo seu espírito e as raízes ancestrais da África, por ela mesma.

É nessa linha que Mia Couto traz ao mundo um outro olhar sobre o continente, ou uma parte dele.

Mia Couto, hoje, é o nome mais conhecido da literatura africana. Suas histórias trazem um pouco da cultura de Moçambique. Filho de imigrantes portugueses que foram morar em Beira, Antônio Emílio Leite Couto é um autor de muitas facetas, poeta, escritor, contador de histórias.

Tal qual Guimarães Rosa, Mia Couto passeia pela incansável criação de neologismos, e mostra sua proximidade com o autor deGrande Sertão: Veredas, fala da terra.

Sua literatura também remete a outro grande escritor: Gabriel Garcia Márquez, pois assim como ele, trafega pelo realismo fantástico.

Assim é a sua obra: a viagem a África que faltava, a fantasia arraigada às verdadeiras raízes da região. Uma amostra de dentro dela mesma, em que uma possível sujeição à política é a estrangeira na terra mãe.

Escreveu diversos livros. Mantendo o português falado em Moçambique e com a criação de palavras, concebe seus retalhos e é impossível não se envolver na construção de sua prosa, onde a África está viva, pulsa. Resiste, sobrevive.

Alguns de seus livros:

Vozes Anoitecidas
A Varanda do Frangipani
O Gato e o Escuro
Mar me quer
Vinte e Zinco
Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra
Contos do Nascer da Terra
Cada Homem é uma Raça
O Último Voo do Flamingo
Terra Sonâmbula
Estórias Abensonhadas

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