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Opção de leitura no Cardápio do Bira.
Opção de leitura no Cardápio do Bira.
Imagine o seguinte: Você liga o rádio e ouve uma música com a seguinte letra:
Lá vem ela chorando
o que é que ela quer?
Pancanda não é, já dei.
(Alvarenga e Benedito Lacerda, 1932)
Seria, no mínimo, absurdo?
Não se vivêssemos nos anos 30, ou nos 40, 50...
Imaginem, até meados da década de 1960, noventa e nove por cento das composições eram feitas por homens.
Isso refletia o modo de viver das pessoas e as relações entre homem e mulher. As canções influenciavam e eram influenciadas pelo comportamento da época.
Outro exemplo:
Quero uma mulher que saiba lavar e cozinhar
E de manhã cedo me acorde na hora de trabalhar
Só existe uma e sem ela eu não vivo em paz
Emília, Emília, Emília... não posso mais
(Nelson Batista e Haroldo Lobo, 1941)
Perto disso Amélia é bobagem!
Não deve ter sido fácil ser mulher nesse tempo... Mulher não tinha vez, não tinha voz. Não podia nada. É a velha história: dona de casa, mãe e só!
Mas mais curioso ainda é que na época, era realmente comum a pancadaria dentro do doce lar: Bater, para os homens, era um meio de mostrar respeito e, veja só, carinho pela mulher. Já para a que apanhava, levar umas era sinal de que o amor estava no ar...
Veja essa música gravada pela Carmem Miranda:
Vivo feliz, no meu canto/ sossegada/ Tenho amor, tenho carinho, oi/ Tenho tudo até pancada.
(André Filho, 1932)
Pois é...
Hoje existe a Lei Maria da Penha e inúmeras polítcas públicas de apoio a mulher. A revolução do sexo alcançou espaços antes inimagináveis e a mulher conquistou seu lugar ao Sol. No entanto, isso é muito recente e nem sempre as coisas foram assim - na verdade, nunca foram!
Achou estranho? Ficou curioso? Então saiba mais sobre as transformações que ocorreram na história da mulher na sociedade brasileira lendo o livro História sexual da MPB de Rodrigo Faour.
O livro é polêmico e vale muito a pena! Apresenta todo o processo de renovação e revolução da sexualidade no Brasil por meio da música. Desde os cancioneiros do século XIX até a funk carioca atual!
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